Press Dez perguntas a Maria da Graça Carvalho (PSD)

News | 06-07-2019 in SAPO 24
Isabel Tavares
1) Num mundo ideal, os cidadãos teriam de pagar em impostos um quarto do salário que recebem?

A questão dos impostos está relacionada com onde é que esses impostos são aplicados. Se temos bons serviços públicos de saúde, de educação, é interessante e dá-se por bem aplicado o dinheiro desses impostos e podemos ter impostos mais altos. Se cada um de nós tiver de pagar os seus próprios serviços de educação, de saúde, de assistência, não se justifica ter impostos altos. Portanto, tem de ser sempre visto em relação à qualidade dos serviços públicos que são prestados a cada um de nós.

2) Se tivesse de escolher, e tem mesmo de optar, a União Europeia devia fazer uma aliança comercial com a China ou com os Estados Unidos?

Com os Estados Unidos. Será sempre uma primeira escolha, uma democracia.

3) Acredita que é possível travar as alterações climáticas na legislatura europeia que agora começa?

Até certo ponto é possível mitigar os efeitos das alterações climáticas, mas ao mesmo tempo temos de nos começar já a adaptar aos seus efeitos. Não conseguimos já travar alguns dos efeitos, deveríamos ter começado a atuar há mais tempo, começámos nos acordos internacionais há bastante tempo, mas nas ações práticas estamos muito atrasados. É urgente travar, mas ao mesmo tempo adaptar. Há muito a fazer e não é uma questão de cinco anos, é uma ação que vai demorar até 2030 ou 2035. É qualquer coisa que vai ficar connosco e vai mudar o nosso comportamento, o nosso estilo de vida, a nossa atitude perante o planeta.

4) Nos Censos de 2021 o INE devia ou não incluir uma pergunta sobre a origem étnica, as raízes, das pessoas?

Não vejo necessidade. Penso que é mais importante não distinguir e não abrir essa divisão na sociedade, principalmente na sociedade portuguesa.

5) A União Europeia deve ter um exército próprio?

Não.

6) Se não é o presidente que manda nisto tudo, e dizem-nos que não é, o que está a tornar tão difícil chegar a um consenso sobre quem serão os presidentes das diversas instituições da União Europeia?

É difícil porque a União Europeia é um projeto de consensos. Temos neste momento ainda 28 Estados-membros, seremos 27 quando o Reino Unido sair, temos de chegar a um consenso e a uma solução que traga algum equilíbrio em termos de distribuição geográfica, em termos de igualdade de género, também é importante as mulheres estarem representadas, como os grandes, médios e pequenos países. Há muitas variáveis, e tentamos sempre ter soluções que correspondam a um acordo entre todos. E isso não é fácil.

7) Qual foi a primeira coisa que fez quando chegou a Estrasburgo?

Ir ao meu gabinete, conhecer o meu gabinete, a correr, porque depois tivemos de vir para o plenário.

8) Descreva a última vez que se irritou.

Eu raramente me irrito, mas estes dias tenho andado um bocadinho irritada, porque penso que estamos a levar bastante tempo até começarmos no trabalho real, o trabalho que vai produzir resultados concretos para as pessoas. Estamos aqui ainda a discutir quem vai ser presidente e vice-presidente disto, daquilo e daqueloutro. Para mim isto devia ser feito mais rapidamente. Percebo que tenhamos de encontrar o tal equilíbrio, mas gostaria mais de já estar a trabalhar.

9) Tem alguma comida de conforto?

Gosto muito de vegetais, fui durante muito tempo vegetariana - agora fui aconselhada a não ser tão vegetariana. Mas habituei-me e gosto de tudo o que é saladas, gosto de comidas leves, sou muito frugal na alimentação.

10) Alguém merece ter cem milhões de euros?

Estou mais preocupada com quem não tem nada. Os cem milhões, desde que sejam fruto do trabalho e obtidos por via legal, não me preocupam. Preocupa-me, sim, todas as pessoas que têm pouco para sobreviver e para viver em condições dignas.

Afinal, da esquerda à direita, os deputados europeus não são tão diferentes como poderíamos pensar. A maioria acredita mesmo que não pagamos demasiados impostos, é contra um exército europeu, prefere os EUA à China, admite irritar-se com facilidade e é bom garfo. Ainda assim, há diferenças. Estas foram as respostas de Maria da Graça Carvalho, mas a eurodeputada do PSD não foi a única a responder.

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