Assinados hoje cinco protocolos no âmbito da I Cimeira Luso-Cabo-Verdiana de Cooperação
O primeiro-ministro de Cabo Verde afirmou hoje que a cooperação com Portugal atingiu um patamar elevadíssimo, acrescentando que os dois Governos querem ainda alargá-la para desenvolver o "cluster" do mar e fomentando parcerias entre privados.
"A cooperação entre Cabo Verde e Portugal é de excelência e agora, [com a primeira cimeira bilateral e os acordos que vão ser assinados] vamos atingir um patamar de elevadíssima cooperação", disse José Maria Neves no final de uma audiência com Jaime Gama, presidente da Assembleia da República, em Lisboa.
Essa cooperação, e o facto de ser "muito abrangente, é extraordinariamente importante", afirmou, referindo que inclui as tecnologias de informação e comunicação, as energias renováveis, o ensino e muitas outras áreas.
"Agora queremos cooperação para desenvolver o 'cluster´do mar' e também "fomentar e estimular as parcerias entre os sectores privados", adiantou.
O chefe do Governo de Cabo Verde considerou ainda que Portugal tem sido "um pilar" também no reforço da parceria especial entre o arquipélago e a União Europeia, não só com o contributo dos deputados da Assembleia da República, mas também dos deputados portugueses no Parlamento Europeu.
A cooperação parlamentar foi um dos temas do encontro com Jaime Gama que, no final, elogiou Cabo Verde dizendo que "se há um caso em que independência tem sido sinónimo de boa governação, respeito pelos direitos humanos e afirmação internacional, esse caso é seguramente Cabo Verde".
José Maria Neves iniciou hoje uma visita oficial a Portugal, acompanhado de vários ministros, que participam também quarta-feira na primeira cimeira entre os dois países.
Assinados cinco protocolos de coopeação
Os Governos de Portugal e Cabo Verde assinaram hoje cinco protocolos de cooperação, no âmbito da I Cimeira Luso-Cabo-Verdiana de Cooperação, divulgou o Ministério dos Negócios Estrangeiros português.
A I Cimeira Luso-Cabo-Verdiana de Cooperação terá lugar na quarta-feira, em Lisboa, e reunirá o primeiro-ministro de Cabo Verde, José Maria Neves, e o primeiro-ministro de Portugal, José Sócrates, além de outras entidades dos dois países.
O protocolo de cooperação entre o Instituto Camões e a Universidade de Cabo Verde hoje assinado prevê a colocação de um leitor de Língua e Cultura Portuguesas para o exercício de funções no Departamento de Ciências Sociais e Humanas daquela instituição cabo-verdiana.
Também foi assinada a adenda ao protocolo de cooperação entre o Instituto Camões e a Universidade de Cabo Verde, para manutenção, nesta universidade, do Centro de Língua Portuguesa/Instituto Camões.
Os Ministérios das Finanças dos dois países também firmaram um protocolo de cooperação em matéria de assistência mútua.
Foram assinados ainda um protocolo de cooperação técnica entre a comissão de normalização contabilística de Portugal e a comissão nacional de normalização contabilística de Cabo Verde, e um protocolo de cooperação entre a Biblioteca Nacional de Portugal e o Instituto da Biblioteca Nacional e do Livro de Cabo Verde.
"Grupo de amizade" no Parlamento Europeu
Entretanto, Cabo Verde conta desde hoje com um "grupo de amizade" no Parlamento Europeu, criado com o objetivo de aprofundar as relações entre o arquipélago e a União Europeia e tirar partido da parceria especial já existente entre os dois "vizinhos".
Lançado, em Bruxelas, por iniciativa da eurodeputada social-democrata Maria da Graça Carvalho, co-presidente da Comissão do Desenvolvimento Económico, Finanças e Comércio da assembleia parlamentar paritária ACP-UE, o "grupo de amizade" é para já constituído sobretudo por eurodeputados portugueses, das diferentes forças políticas.
Graça Carvalho explicou que o objectivo é, no entanto, "dar a conhecer a realidade geográfica, económica e social de Cabo Verde aos colegas deputados de outras nacionalidades", que não estão tão a par dos "avanços conseguidos (pelo país) na questão da boa governação e na questão económica, e dos projectos que têm conseguido apesar das adversidades geográficas, entre outras".
A deputada disse que a ideia é promover mecanismos que permitam "tirar partido da existência da parceria especial" entre Cabo Verde e União Europeia, lançada durante a presidência portuguesa da UE, no segundo semestre de 2007, sugerindo a possibilidade de estender ao arquipélago cabo-verdiano estratégias regionais ou políticas de vizinhança que o bloco europeu já tem em outras direcções.
Apontando que há uma estratégia regional para o Báltico e está a ser pensada uma estratégia regional do Danúbio, Graça Carvalho defende que pode ser ponderada "uma estratégia regional euro-atlântica" ou, havendo uma política de vizinhança reforçada para os Balcãs e para o Leste, também pode ser desenvolvida uma outra para a região sudoeste da Europa, que abranja Cabo Verde e outros países.
Na cerimónia de lançamento do "grupo de amizade", realizado no Parlamento Europeu, em Bruxelas, estiveram presentes vários deputados portugueses das várias forças políticas e a nova embaixadora de Cabo Verde junto da UE, Maria de Jesus Mascarenhas, recém-chegada a Bruxelas.
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