As fraudes com falsificação dos certificados digitais COVID, que estão já em vigor na União Europeia, e as críticas quanto às possíveis violações da privacidade e discriminação são uma preocupação crescente à medida que o número de certificados emitidos aumenta, e que estes se tornam num documento obrigatório para acesso a espaços públicos, como restaurantes ou hotéis. Segundo a Check Point Research, o número de revendedores de certificados de vacinação falsos aumentou 500% entre março e maio.
Em entrevista ao SAPO TEK, a eurodeputada Maria da Graça Carvalho disse que já tinha o seu certificado e reforçou a sua confiança no modelo. “Eu faço sempre um balanço entre o benefício e o risco”, adiantou, afirmando que o benefício é muito grande e que permite de uma forma muito simples mostrar se tem vacina ou se fez teste.
“O risco que eu corro da informação ser partilhada é menor do que o benefício. Faço muitas vezes esta análise nas várias coisas da vida”, explicou numa conversa que decorreu no início de julho.
A eurodeputada já tinha escrito um artigo com um eurodeputado grego, Georgios Kyrtsos, onde defendia a utilização do blockchain como forma de proteger a informação dos certificados. “O blockchain essencialmente protege os dados e dá a segurança de que são usados para determinada função e não são partilhados”, adiantou ao SAPO TEK, explicando que já tinha sido proposta a utilização da tecnologia para o mecanismo de registo de testes e vacinação.
“A autenticidade dos certificados de testes e vacinação é uma questão de grande preocupação em todos os Estados membros e é nossa convicção de que a tecnologia de blockchain é a melhor opção para criar um mecanismo de validação fiável que vai contribuir significativamente para restaurar a confiança”, como refere no artigo de opinião. “O blockchain permite que os testes de COVID-19 e os certificados de vacina sejam verificados em tempo real na relação com a sua origem (laboratórios), sujeito (cidadãos, viajantes, etc) e resultados”, refere-se.
Até à entrada em aplicação do certificado digital COVID havia diferentes sistemas, não compatíveis e em línguas diferentes que validavam se os viajantes tinham vacinas ou testes negativos e cada Estado-membro tinha o seu próprio modelo. A normalização é vista como positiva e a eurodeputada mostra também confiança na tecnologia.
“Mesmo que ainda não seja o blockchain [o certificado digital] tem muitos benefícios”, defende. A Grécia adotou a tecnologia de blockchain nos seus sistemas e certificados e Maria da Graça Carvalho elogiou o país por algumas medidas que estão a ser tomadas nestas área, incluindo de promoção da vacinação entre os jovens, com a atribuição de um cheque de 100 euros que pode ser usado na aquisição de bilhetes para cultura.
Para além dos certificados, a eurodeputada acredita que o blockchain pode ser usado noutras áreas, incluindo o sistema de autenticação e circulação de certificados de educação na União Europeia.