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O pacto de competitividade proposto pela Alemanha e por França em troco do reforço do fundo europeu de resgate visa, entre outros objectivos, facilitar a importação alemã de engenheiros, disse à Lusa a eurodeputada Maria da Graça Carvalho.
O pacto de competitividade proposto pela Alemanha e por França em troco do reforço do fundo europeu de resgate visa, entre outros objectivos, facilitar a importação alemã de engenheiros, disse à Lusa a eurodeputada Maria da Graça Carvalho.
Em entrevista à agência Lusa, a eurodeputada do PSD criticou a proposta do pacto de estabilidade, por não incluir propostas relacionadas com a inovação, e duvidou da capacidade do Governo português resistir à pressão franco-alemã, apesar das reservas de Lisboa quanto à proposta de inscrição na constituição de mecanismos de alerta de endividamento.
"A posição inicial de Portugal foi de ter ficado contente com a existência deste pacto, porque está essencialmente a pensar na flexibilização do fundo [de resgate europeu]. Como precisa da flexibilização do fundo de uma forma desesperada, não se opôs (...) não houve uma posição forte ao resto do conteúdo do pacto", afirmou Graça Carvalho.
"Temo que Portugal não esteja em posição para fazer face a um conjunto tão importante de países liderados pela Alemanha e pela França, mas há outros países que estão contra, como a Bélgica, o Luxemburgo, a Holanda e a Áustria, e ainda muito vai ser discutido e negociado", acrescentou.
Maria da Graça Carvalho lamentou sobretudo que o pacto de competitividade não inclua medidas relacionadas com a inovação, "a produtividade real e a formação da qualificação dos quadros e dos jovens", considerando que a proposta franco-alemã seja sobretudo uma lista de "remédios para baixar salários" e para reduzir o preço do trabalho.
"Nesta questão da qualificação e de aumentar de uma forma real a produtividade, o único ponto que lá está é o reconhecimento a nível europeu dos graus e diplomas, que é algo que já existe [com o processo de Bolonha]. É estranho", disse Maria da Graça Carvalho.
Para a eurodeputada, a medida nasce do desejo alemão de tornar mais eficaz a aplicação do acordo de Bolonha para o reconhecimento de graus académicos entre os Estados-membros da União Europeia, sobretudo para ultrapassar os entraves das ordens profissionais no que toca a quadros qualificados, como engenheiros electrotécnicos, mecânicos e informáticos.
"A Alemanha sabe que a formação, nomeadamente em alguns países do sul, nomeadamente em Portugal, é uma formação boa e pretende importar e levar para trabalhar na Alemanha engenheiros portugueses", afirmou.
Graça Carvalho fez também votos para que os líderes europeus consigam emendar a mão na próxima cimeira de chefes de Estado e de Governo da Zona Euro, em março, e definam um novo modelo económico para a Europa, com base novas em fontes de crescimento para uma nova política industrial para a Europa, baseada na eficiência dos recursos, na inovação e com capacidade de introduzir mais valor acrescentado.
"Do ponto de vista de inovação, da qualificação, da economia real, de aumentar a produtividade das fontes de crescimento dos sectores produtivos, [o pacto de competitividade] é muito pobre ou praticamente inexistente", concluiu a eurodeputada.