A guerra lançada pela Rússia contra a Ucrânia é uma tragédia em termos de perda de vidas humanas, desestabilização da paz, crise de refugiados e violação dos direitos fundamentais. As ondas de choque fazem-se sentir por toda a parte e levaram a Europa a despertar para a grave crise energética, agrícola e industrial em que se encontra neste momento.
Já desde a crise da Covid-19 que venho defendendo, em vários fóruns, conferências, intervenções ou artigos de opinião, a necessidade de haver uma recuperação da capacidade de produzir na UE, do saber fazer, uma reindustrialização a nível europeu. E o impacto da guerra, claramente, veio reforçar essa ideia.
Numa intervenção que fiz em abril na Comissão da Indústria, onde sou vice-coordenadora pelo Grupo do PPE, instei a Comissão Europeia a tomar medidas transitórias, mas imediatas, para ajudar as indústrias em maiores dificuldades. Nesse sentido, apresentei duas propostas muito concretas:
1 - realizar testes de stress para perceber de que forma os regulamentos atuais devem ser aliviados para reduzir a pressão sobre as empresas, sobre a indústria, pelo menos durante a guerra na Ucrânia;
2 - introduzir um procedimento para financiamentos mais rápidos com fundos europeus, para as indústrias em crise.
Nos EPP Industry Days, evento de que fui coanfitriã, voltei a defender estas e outras soluções para a indústria europeia. “A indústria europeia está sob grande pressão por muitas razões diferentes. Precisamos de uma moratória das diferentes regulamentações para aliviar a indústria europeia da carga administrativa e um mecanismo para acelerar os fundos destinados a financiar os setores mais afetados”. Nesse evento, insisti na necessidade de haver um ecossistema de inovação na UE e sublinhei o impacto brutal que a pandemia teve em setores como o Turismo e as Indústrias Culturais e Criativas.
Em várias intervenções que fiz nos media, em Comissões e no plenário do Parlamento Europeu, insisti na necessidade de se completarem as interligações na Europa, nomeadamente a dos Pirenéus, de forma a assegurar a independência europeia do gás russo. A UE não pode, de forma alguma, continuar, por via da compra de gás, a financiar a agressão russa contra a Ucrânia. A aposta deve ser cada vez mais em energias limpas e renováveis e, nesse contexto, sublinho sempre as oportunidades que existem para Portugal, enquanto exportador desse tipo de energias.
A Europa deve prosseguir no caminho da sua dupla transição, a transição verde e a transição digital. Nesta última área, vi a Comissão do Mercado Interno (IMCO), de que sou membro suplente, aprovar em abril o parecer sobre o Guião para a Década Digital, do qual sou relatora-sombra. Pela mesma Comissão, integrei uma missão a Navarra, Espanha, onde tive a oportunidade de visitar empresas e projetos na área da inovação e digitalização. E fui ainda nomeada relatora-sombra para o parecer sobre o Regulamento de Dados.
Como disse numa entrevista recente à revista ‘Indústria’, editada pela CIP - Confederação Empresarial de Portugal, “a autonomia estratégica alcança-se com investimento em qualificações, investigação, infraestruturas modernas e capacidade de produção”.