Na sua declaração à imprensa, no final da reunião de chefes de Estado e de Governo da zona euro, no dia 21 de Julho, o Presidente Barroso não hesitou em apelidar o programa aprovado na reunião como "plano Marshall". Apesar de esta designação não aparecer na declaração final da reunião, o facto de estar em cima da mesa um plano de ajuda a Estados europeus, que atravessam dificuldade financeiras e económicas, sugere o paralelo com o plano delineado em 1947 pelo secretário de estado norte-americano George Marshall.
Os líderes europeus apelaram a uma estratégia global tendo em vista o crescimento e o investimento e convidaram a Comissão Europeia e o Banco Europeu de Investimento a reforçarem as sinergias entre os programas de empréstimos e os fundos da União Europeia em todos os países que recorreram à assistência da UE/FMI. Os líderes aceitaram aumentar as taxas de co-financiamento europeu, como medida temporária para melhorar a capacidade de absorção dos fundos da União Europeia por parte dos países em causa, na convicção de que tal alteração constituirá um estímulo importante ao crescimento da economia e do emprego nesses países.
O facto de a Declaração final da reunião não fazer referência explícita a um plano do tipo Marshall não ajuda a definir os verdadeiros contornos e articulação das medidas anunciadas. Assim, já depois da reunião de 21 de Julho, foram avançadas medidas adicionais - adiantamento de fundos comunitários para os países em maiores dificuldades - que certamente fazem parte do mesmo plano.
Não obstante, o adiantamento do apoio comunitário recentemente anunciado é, sem sombra de dúvida, positivo. Todas as medidas que têm sido anunciadas - aumento do co-financiamento europeu e adiantamento dos fundos - são condições sine qua non para que o nosso país possa ultrapassar as suas dificuldades. Mas por muito bem arquitectados e por muito generosos que os apoios sejam, de pouco valem se as estruturas que estão no terreno, por exemplo as pequenas e médias empresas, não os conseguirem absorver de forma a tirarem partido deles no curto e no médio prazo. Por isso o acesso aos apoios deve ser simples, rigoroso e adaptado às prioridades do país.
A Declaração de 21 de Julho revela que os líderes dos países europeus desejam encarar de frente os problemas da Europa. Resta-nos esperar que, num próximo momento, as suas preocupações se foquem em agilizar os procedimentos indispensáveis à concretização dos apoios ora anunciados - condição inalienável para o sucesso do plano Marshall europeu.
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